Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 19 de julho de 2014

Ninho

Sinto-me tão indefeso
Para o útero voltando
Incólume, quase ileso
A alma inteira destronçando.
Não bebezão, mas bebezinho
Sinto o frio do abandono
Sem ti, sou feto retraindo
Você, do teu corpo, me expulsando.
Imploro, deixa-me que volte
Se me expulsas, de ti, é a morte
Não 9 meses, mas 90 anos
Em ti ficar, eram meus planos.
Pois só em ti encontro um sentido
Para o que a vida vinha me negando
Perdê-la é meu maior castigo
Vegetarei, vegetaremos, vegetando.


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