Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Coração destroçado

Cansei de tentar não sofrer
Arrancá-la do peito é um engano
Estou à beira de fenecer
Por te ter causado tanto dano.
É quase impossível também extirpar
A mágoa que em mim nasceu
Sou incapaz de deixar de te amar
Mas a dor meu peito enrijeceu.
Entreguei-me a um projeto
De vida e de amor
Sinto-me um ser abjeto
Quando o que faço não tem valor.
Dói e fere demais
Se o descaso vem de você
Se no que faço não confias mais,
Custava chegar e me dizer?
Tratar o que faço com desconfiança
Demonstrada em cada palavra
Feriu-me, aos poucos, nas entranhas
Cada vez mais me magoava.
Hoje estou aqui arrebentado
Morto por dentro e por fora
Com o coração estraçalhado
E uma tristeza que me devora.
Não quero mais te magoar
Nem tampouco ser magoado
Deus, ajude-me a curar
Meu coração destroçado.


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