Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Estupefato


Dormi triste e angustiado
A dor a rondar o quarto
Entrar em guerra perdida
É colher enorme ferida.
Acordo estupefato
Totalmente inseguro
Ao olhar para o futuro
E não te ver ao meu lado.
Se o passado é uma sombra
O futuro é uma tormenta
No presente, vivo uma onda
Que do nada se alimenta.
TUDO entre nós é virtual
Até o amor sem igual
Há um fio de esperança
Nos momentos de bonança.
Que juntos ainda nem vivemos
Mas, imaginamos viver
Pois o que hoje sofremos
Não é o que queremos viver.
Estupefato como hoje
Ainda que acorde mal
Sei que este amor não morre:
Um dia pode ser real.


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