Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Filete


Diante da tela ou do espelho
Aquele filete vermelho
É o que há de mais sagrado
Na pessoa, no ser amado.
Toda a tua sensualidade
Tem o gosto da bondade
Da mais sôfrega entrega
De alguém que não se nega.
A demonstrar o desejo
Envolto num simples beijo
Capaz de nos alucinar
E todo o juízo tirar.
Fico ao sonhar com o filete
Que da sagrada fruta escorre
Aqui neste intenso flerte
Minha saliva da boca escorre.
Só de pensar em tua fruta sorver
E te sugar com intenso prazer
Os dois, inteiramente sem juízo
Gozam até perder os sentidos.
Mutuamente os filetes sorvem
Nem gotas de suor sobram
Exaustos os corpos se movem
De novo ao prazer se dobram.
E gozam de novo, outra vez
Repetem a não-poder-mais
Nunca haverá timidez
Naquela que te satisfaz.


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