Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Nosso


Pouco tenho a dizer
Se estou longe de você
Muito mais a observar
Para tentar me inspirar.
Só eu e Deus sabemos
O quanto já choramos
E de longe sofremos
Só porque nos amamos.
Ainda bem que posso
Dobrar os joelhos e orar
A lembrar de o quê é nosso
E o (nosso) amor renovar.
Rogo aos céus, ao infinito
Que a sociedade não mate
Este amor tão bonito:
Dia após dia, renasce.
Para enfrentar preconceitos
Todo o tipo de condenação
Humanos nunca são perfeitos:
Nosso amor é oração.
Visto, ouvido e abençoado
Pelas mãos do Criador
Largue a inveja, olhe ao lado
E respeite o nosso amor.


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