Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Isolamento

Só queria entender o momento
O motivo de tanto isolamento
Nem “boa noite” tenho mais
Virei um “tanto fez, tanto faz”.
Deve ser coisa da COVID-19
Essa horrível pandemia
Para mim, você não se move
Às noites, não tenho mais alegria.
Quando dormes mais cedo
Fico morrendo de medo
Que seja algo mais grave
Ou que você tomou uma nave.
Partiu de mim sem dizer nada
No meio de qualquer madrugada
Não sei se mais aguento
Este novo comportamento.
Vivo sem notícia, isolado
Não te posso ter ao lado
O isolamento, agora, é total
Será que te fiz algum mal?

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