Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 7 de dezembro de 2013

Meu alimento

Tento entender o amor
Temperado pela dor
Com pitadas de sofrimento
Ainda assim és meu alimento.
Difícil entender a paixão
Combustível do tesão
Que empurra nosso desejo
Mesmo quando não te vejo.
Basta pensar em ti
E nos momentos vividos
Para começar a sentir
Algo antes, nunca sentido.
Sou teu, inteiro, e te encaixo
Nas narinas, teu olfato
Satisfazem, em mim, o macho
És minha fêmea de fato.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Presente

És o presente mais valioso
Que Deus pôde dar a um homem
Ainda que conviva com um desejo furioso
E uma paixão que a mim consome.
Que me tira o juízo
Derruba as estruturas
Arrasa convicções
Em intensas emoções.
Coração bate mais forte ao te ver
Fico "te querendo" sem te ter
O corpo dá sinal imediato
Até por meio do olfato.
Sinto o teu cheiro de fêmea
Salivo o teu gosto de mulher
Sorvo em cada poema
Em tudo você também me quer!


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Meu sentir

Sinto-me teu, embora não seja
Mas se o fosse, melhor não seria
Por mais que nem todo dia te veja
Está comigo dia após dia.
Na alma, no sangue que corre
No corpo, desejo não morre
A ti entrego minha vida
Ainda que reprimida.
Por este sentir maior que o desejo
Que se avoluma no toque, no beijo
E me transforma em prisioneira ave
Que se supera em cada entrave.
E se faz tua, mesmo que presa
Escrava do sorriso e da beleza
Deste jovial rosto de mulher
Quanto mais quero, você mais quer.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Além das nuvens

Quando estou na terra comigo estás
Para além das nuvens também
A cada segundo nossos rituais
A mim fazem dizer amém.
Pelo desejo de tê-la em mim
Minha estrela, amor sem fim
Ao longe, piscam, a me avisar
Em pouco tempo chegas pra me amar.
Singram o ar minhas fortes lembranças
De cada momento vivido contigo
Flocos de neve trazem esperanças
De tê-la em breve comigo.
O sol brilha ao longe, luzes da cidade
Anunciam a chegada de quem te ama
Tiramos à distância toda a saudade
Quando os corpos queimam e rolam na cama.

Sem dormir

Pego-me sentado na ponta da cama
A encobrir as pernas com o edredom
O coração a pulsar que te ama
A mente a oscilar de tom em tom.
Como se fosse uma valsa vianense
A lembra tudo de ruim e bom
Que dos teus lábios em nonsense
Despedia-se com um good afeternoon.
Amo-te com todas as forças
Mas não esqueço teu ar impassível
Mão lavadas como se fossemos louças
A falar de algo impossível.
Ou que nunca tenha sido tratado
Em qualquer conversa anterior
É pecado inominado
Misturar trabalho e amor.
Ponho a cabeça no travesseiro
Sinto-me como se fosse um embusteiro
Um arrivista, uma saltimbanco
A arrumar-me, em sinecura, um canto.
O sol aparece, pássaros entoam
Cânticos que mostram o alvorecer
Noite se foi, que as dores doam
O amor é maior e nada vai doer.
Não preguei os olhos, a fronte lateja
A noite sem dormir, por pior que seja
Não dói, tão a fundo nem dilacera
Quanto o pesadelo de jamais tê-la!


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Superação

Tento me livrar da saudade
Mas tua falta é a maior aflição
Não terei, eu, a liberdade
De te amar com inteira paixão?
Ou os meus dias serão de castigo
Do pecado de não tê-la comigo
A conter sempre todo o tesão
Pra viver em eterna superação?
Se o for, que assim seja para o todo
O sempre e até mais uns dias
Que possamos usufruir do gozo
Dos momentos de intensas alegrias.
Eu supero, tu superas, superamos
Pela força do que juntos sentimos
Se um do outro nos alimentamos
É honesto, pois, jamais fingimos.


domingo, 1 de dezembro de 2013

Últimos segundos

Quero te amor com doçura
Até os últimos segundos
Enquanto vida e loucura
Forem razão dos nossos mundos.
Vida pra te querer
Te amar até não mais poder
Arrepiar-me até de longe
Com o que me respondes.
Loucura para pular muros
Fugir por portas e janelas
Aproveitar sombras e escuros
Para me deliciar em tuas carnes belas.
E explorar tua Geografia
Até o fim dos meus dias
Mordê-la de um jeito forte
E gozar até que chegue a morte.