Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A astúcia do caboco (Terceira parte)

Os olhos do visitante brilharam. Percebei que ele nunca tinha visto um cavalo tão bonito quanto aquele. Seo Inocêncio nunca quis vender seu cavalo. De vez em quando aparecia alguém para fazer uma oferta pelo animal. Seo Inocêncio pedia sempre um milhão e meio, para espantar o freguês.
- Quanto o senhor quer no cavalo? disse o ricaço paulista.
- Num vendu não sinhô?
- Quanto quer homem? Vim aqui para levar o seu cavalo.
- Mai num tá avenda sinhô. É meu bichu de instimação.
- Vamos lá, homem. Bota um preço que eu pago.
- Num queru vendê não sinhô.
- Dou um milhão e meio, no pau.
- Queru não sinhô. E se eu fossi vendê, só vendiria o cavalu inteiru.

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