Com o final de “A astúcia do caboco”, disponibilizamos inteiramente o inédito livro “Vô voador e outros contos”, que apresenta histórias e estórias da minha infância em Sena Madureira e do período inicial da minha chegada a Manaus. Há causos que não são contos. Há contos que são meros causos. Outros, mais parecem crônicas. Trata-se do terceiro livro disponibilizado no Blog Gilson Monteiro Em Toques. Ao criar o Blog a ideia era essa mesma: apresentar toda a minha produção artístico-cultural. Ainda não decidi o que será disponibilizado a partir de amanhã. Talvez novos escritos inéditos. Quem sabe, um livro já editado. Deixo-me levar pelo momento de atualizar o Blog. Há uma curiosidade relacionada ao livro “Vô voador...”. Meu pai, Pedro Paulo Guedes Monteiro, era personagem em grande parte das narrativas contidas no livro. Morreu dia 31 de outubro, sete dias antes de o livro ser totalmente disponibilizado no Blog. Em homenagem a ele tentarei editar o livro no formato tradicional de papel. A gargalhada tradicional do Paulo Guedes será eternizada no livro.
Aqui, será meu espaço exclusivo das experiências em ARTE. "Em Toques" diários, ou quando der na telha, partilharei com cada um de vocês momentos que se eternizam em imagens criadas a partir das palavras que expressam sentidos de olhar, de cheirar, de degustar, de ouvir e de tocar cada minúsculo grão de areia que se torna tudo para o todo da praia, assim como uma gota de água é tudo para o todo do mar.
Tempestade de ideias
Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!
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