Lá pelo final dos anos setentas e início dos anos oitentas, quando me mudei para Manaus, o Acre começou a receber um número maior de fazendeiros paranaenses, mato-grossenses e gaúchos. No verão, a estrada que liga Sena Madureira a Rio Branco permitia a chegada de visitantes dos locais mais distantes. Certa dia, estou na varanda da casa e vejo uma picape, daquelas importadas, passar, à toda velocidade, deixando um rastro de poeira. Sinal de que algum ricaço veio visitar Sena Madureira. Peguei a bicicleta e fui saber quem era o homem do carro importado.
A picape estava parada em frente ao Hotel Braña. Como quem não queria nada, fiquei encostado ali naquele barzinho onde era a Rádio A Voz da Cidade para abiscoitar as conversas.
- O cara saiu du carru vistidu de vaqueiru. Umas bota de canu longu. Uma calça dins e uma camisa cuns tróçus de côro pendurado e um chapéu de Panamá brancu. Devi di sê cheiu da baba - comentou um que tomava sua cervejinha, encostado no balcão.
Fui ver a placa. Era de São Paulo.
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