Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 15 de março de 2013

É


A vida não é dualidade
Nem mentira nem verdade
Simplesmente não tem e/ou
Para quem ama ou já amou.
Verdades e mentiras fazem parte
Filtrá-las é uma arte
Amar é entrega total
Sem receio do bem ou do mal.
Porque bem ou mal não existem
São cara e coroa de uma moeda só
Quando a dor intensa da saudade persiste
É sinal de quem em breve chega o amor.
E amor não é moeda de troca
Nem investimento financeiro
Dê amor e não espere volta
Este é o maior segredo.
Os limites da compreensão
São vencidos pela força da dor
Quem consegue decifrar um coração
Inteiramente tomado pelo amor?
Ame, pois a vida é
Não foi e nem será
Viver é hoje, é segundo, é agora
É ápice, é gozo, é amar.

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