Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Meses


No nosso calendário
Meses equivalem a anos
Desde o dia que descobrimos
O quanto nos amamos.
Segundos marcam uma eternidade
Ao conhecermos a dor da saudade
Nosso alimento é a ausência
Travestida de presença
Nas mensagens que trocamos
Ou nas carícias que imaginamos.
O que nos faz mais sofrer
É essa falta um do outro
A força desse querer
Que nos deixa quase loucos.
Bate uma imensa saudade
Só quero estar contigo
Ainda que não possa tocá-lo
E sejas apenas meu amigo.
O que me intriga nisso tudo
É a nossa entrega total
Um mês e meio depois
É tudo tão natural!
Só não passa a tua falta
Essa sensação de vazio
Quando não estás por perto
Vejo a vida por um fio
Meu futuro é incerto.

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