Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 26 de março de 2013

Tonta


Esse cheiro forte
Que me toma conta
Quase me desmonta
Só de te sentir.
De mim se apodera
Tua boca tonta
Nesse toma-conta
Você se faz fera.
Lambe meus ouvidos
Morde o pescoço
Faz com tanto gosto
De arrepiar.
Olha-me nos olhos
Língua a descer
Mostras o poder
De domar meus poros.
Joga-me no solo
Feito um bicho louco
Chupas o meu rosto
Sentas no meu colo.
A acariciar
Minha intimidade
Deixas só saudade
Ao me devorar.
Comes o meu íntimo
Por puro instinto
Lambes toda a extensão
Da minha emoção.
Sugas cada gota
De felicidade
Que em ti espalha
Minha saciedade.
Tontos de amor
Já recomeçamos
O mundo inteiro para
Quando nos amamos.

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