Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 24 de junho de 2017

Querê-la

É muito o que sinto por ti
Para só eu estar aqui
Sem esperança de vê-la
Ainda vivo a querê-la.
Querê-la é meu destino
Talvez, o maior desatino
Todo dia sofro, afinal
Por este amo venial.
Se é pecado, querê-la
Que o seja, como vê-la
Mas quero ver e tocar
Desesperadamente amar.
Penetrar cada orifício
Deste teu corpo, meu vício
Com a máxima intensidade
De quem perdeu a sanidade.
E insano, desce a língua
Como quem está à míngua
E bebe cada gota de ti
Na hora que estás aqui.


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