Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Arisco


O amor é bicho arisco
Não sobrevive só do risco
Nem se alimenta de saudade
Quer o mínimo de realidade.
É semente que brota
Até por conta própria
Depois de descoberto:
Não é arbusto no deserto.
É flor que nasce até no muro
Aceita claro e escuro,
Precisa de água pra viver
Se quer vê-lo florescer.
Deixe morrer, caso não
Que será por inanição
Por falta de alimento
Para que tenha o sustento.
Amor com amor se paga
Ou, do TUDO, vira NADA
Se quer vê-lo lindo como flor:
“Cuide bem do seu amor!”


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