Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Projetado


O que não foi vivido
Pode ser conseguido
Ainda que projetado
Na tela de um quadro.
Que na mente se cria
E dá vazão à fantasia
TUDO o que projetamos
Na hora que nos amamos.
Tem gosto de realidade
Que sinto até saudade
Quando o dia amanheceu
Vejo que nada aconteceu.
A cama está vazia
Ao lado só o travesseiro
E você que eu via
Não aparece nem no banheiro.
Aquele gozo intenso
Que parecia imenso
Foi algo projetado
Só há vazio ao meu lado.



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