Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Quase-ateu


Não sei o que aconteceu
Apaixonei-me por um quase-ateu
TUDO o que eu tinha de certeza
Foi levado pela correnteza.
Como um temporal
De mim ele tomou posse
Um amor fenomenal
Não acaba nem com a morte
De mim ele se apossou
Dele também me apossei
Depois que esse amor chegou
Não sei como outro amei.
Durmo e com ele acordo:
Sonho a todo momento
Amor que não mais discordo
Que doma o meu pensamento.
O quase-ateu já dá sinais
De que pode ser convertido
De você não me afasto mais
Quero-te pra sempre comigo.


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