Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Estremecer

Basta imaginar o teu gemido
A tocar o meu ouvido
Que chego a perder a direção
E fica a palpitar o coração.
Estremecem corpo e alma
Perco restos de juízo e calma
Nosso tempero é a insensatez:
Enlouquecemos de vez.
Quer saber, nos entregamos
A um amor digno de insanos
Esquecemos nossas histórias
Arrancamos das nossas memórias.
Qualquer vestígio de equilíbrio
Perdi desde que a ti sigo
Como um cão quem nem fareja
Onde quer que você esteja.
Bicho que fareja o recinto
E a ti encontra por instinto
No faro chega ao teu cheiro
A te amar por inteiro.


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