Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Inglória

É uma luta inglória
A que travamos agora:
Um amor que nos domina
Paixão que nos alucina.
A razão diz para continuar
Com a vida que ora levávamos
O amor só quer desbravar
Caminhos pelos quais não andávamos.
De que adianta resistir
Se o desejo vive a insistir
A vida perde todo o sentido
Se não me vejo contigo.
Nem que seja em um futuro
Próximo ou mais distante
Mesmo que nada seja seguro
Quero este amor o bastante.
Para manter este segredo
Vencer qualquer tipo de mede
A vida corre lá fora
E eu nesta luta inglória.


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