Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Nos glóbulos

Retiro de todas as cores a da ilusão
Finjo que pintei meu nome no teu coração
Feito tatuagem que se espalha no sangue
A fim de que você para sempre me ame.
Apodero-me de todo o teu cérebro
A dominar o teu pensamento
Da forma como mais te quero
E me provocas tanto encantamento.
Estar em ti nos glóbulos bancos e vermelhos
Fazer amor de frente para o espelho
Escravizar todo o teu pensamento
Não te dar trégua em nenhum momento.
Sair de ti como jamais entrei
Entrar em ti como se fosse rei
Sugar teu néctar com bastante fúria
E descansar nesta doçura tua.


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