Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

João Tubarão (Primeira parte)

Seu Gama era um velho viajado. Apareceu em Sena Madureira e caiu na graça de todo mundo. Mentia mais do que o próprio Paulo Guedes. Mas ficava furioso de alguém ao menos insinuasse que as suas histórias não eram verdadeiras. O filme “Tubarão” era o sucesso das bilheterias nas cidades grandes e os comentários chegavam a Sena Madureira. Naquela noite, seu Gama resolveu relatar uma das histórias que testemunhara, no Rio de Janeiro.
- Uma jovem banhava-se tranqüila na Praia de Copacabana - seu Gama era um primor em Língua Portuguesa. Quando ouvia uma próclise em lugar de uma mesóclise ou de uma enclise, soltava os cachorros. Repentinamente, as pessoas começam a sair da água e a gritarem, aterrorizadas:
- Um tubarão, vimos um tubarão. Saiam já da água.

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