Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 3 de outubro de 2010

O segredo (Segunda parte)

Por volta das 9h chego à loja do Abdul Rassham. Fui recebido com doces, petiscos libaneses e um tratamento que poderia ser considerado especial, principalmente em virtude de a fama deles ser a de não abrir a mão nem para dar adeus. A entrevista caminha sem problemas, até que entram alguns fregueses na loja.
- Quê desejam minhas brêgueses?
- Estamos só olhando.
- Abroveitem! Olhar ainda nom baga.
Abdul voltou para continuar a entrevista mas não tirava o olho de nenhum dos cantos da loja. Abdul revelava como obteve tanto sucesso, entre um atendimento e outro.
- Ô segredo é atender sempre bem a brêguês. Brêguês meu nom entrar em mim loja sem gombrar. Sempre dou uma jeito. Se nom tenho a produto, sugiro gombrar outra.
- Abdul, tu tem papel higiênico?
Abdul olha para um lado, olha para o outro e não encontra o papel pedido pelo “brêguês”. No meu ouvido, comenta:
- Veja como se atende uma brêguês! E, em voz alta.
- Brêguês amiga. Eu não tenho a papel higiênica. Tá em falta. A batelon nom djegou. Ma leva unas folha de papel da embrulho. Faz a mesma efeito.
- Porquê não oferece papel de embrulho para a tua mãe se limpar. Vá gozar da cara de outro, seu libanês escroto!

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