Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O telefone (Quarta parte)

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A conversa do seu Madeira com o funcionário da TELEACRE passou a fazer parte do folclore da cidade e logo um engraçadinho resolveu tirar um sarro do velho.
Trinlim... trinlim...
- Alô, quem tá falanu aí?
- É da TELEACRE, estamos em testes e queremos que o senhor siga as nossas instruções.
- Qui diachu! A droga dêssi telefone só toca pra fazer testi. Mas podi falar.
- Onde o senhor está falando tem um fio todo enrolado e fino?
- Tem sim sinhô.
- Pois bem, o senhor vai puxando, vai puxando....
- Num tá venu qui eu já puxei tudu?
- Quando tiver bem duro o senhor avisa.
- Num dá mai nem pra isticar. Tá bem durinhu.
- Está bem durinho mesmo?
- Num tá venu qui tá, homi?
- Então o senhor já sabe o que fazer com ele.
O engraçadinho bate o telefone, do outro lado da linha. Com o fio esticado na mão, Seu Madeira nem percebe, inicialmente, o que o cara quis dizer. Mas logo se dá conta:
- Disgraçadu. Tá querenu tirá sarru da minha cara.

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