Quando via um dos filhos, tentava sempre fingir-se de sóbrio e demonstrar coragem. Naquele dia, ele queria porque queria atravessar o rio para ir ao roçado da tia Cloé. Fazer o quê ninguém sabe. Afora os paletós e as calças que fazia como alfaiate, Paulo Guedes gostava mesmo era de cachaça e de música.
- Vou atravessar por cima desse tronco.
- Pai, o que é que o senhor que fazer do outro lado?
- Vou ajudar sua tia. Pra vocês não dizerem que eu não pego no pesado.
- Mas pai, o senhor já bebeu de novo.
- Eu não estou bêbado. Só tomei umas cervejinhas.
Ele sai meio cambaleante. Chega próximo ao suporto tronco que atravessava o rio de um lado para o outro, pois estava em época de seca, toma impulso e diz:
- Meu filho, agora eu vou.
Passa como uma flecha para o outro lado do rio, com uma incrível precisão, que só os bêbados conseguem.
- Venha meu filho. Seu pai já passou. Agora é a sua vez. Duvido como você não consegue fazer o que eu fiz.
Apesar dos porres, quando encontrava a gente, papai parecia uma criança. Estava sempre querendo disputar alguma coisa. Tentava brincar, nos alegrar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário