Lá vinha meu avô na sua viagem imaginária. Eu ficava ali a olhá-lo e a pensar:
- O vovô ficou doido. Está completamente doido.
Ele não reconhecia nenhum dos filhos nem os netos. Mas ninguém podia falar um tico que o cinturão comia no couro. Na minha inocência, tinha pena dele, cheguei a pensar que ele não escaparia daquela. Faz vinte anos e ele está vivinho da silva. Então, o jeito era ficar olhando as travessuras do vovô e rindo até o calção ficar molhado.
- Vruummmmmmmmmmmmmmm... vrummmmmmmmmmmmmmm
- Bota a prancha!
Ele rodava a mão como se estivesse acelerando e apertava o pedal, imitando uma mudança de marcha.
- Sai da frente!
- Vruuummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm
Com certeza, ele acabara de atravessar o rio, voando na sua lambreta.
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