João e Paulo Guedes trataram de apertar o cinto e se segurar.
O teco-teco quebrou alguns galhos de árvores e foi se acomodando no meio da mata, como se fosse a pena de alguma ave, num daqueles milagres que só os santos protetores dos bêbados conseguem explicar. Só o piloto saiu com o rosto todo arrebentado, nada grave é claro, pelos galhos que arrancaram o vidro dianteiro do avião.
João, mesmo bêbado, desmaiou de medo. Com o rosto ensangüentado, o comandante ordenou:
- Paulo Guedes, dá uma mijada na minha cara!
- O quê, comandante? O senhor está louco?
- Deixa de conversa rapaz, mija logo. Tenho que desinfetar essa ferida. Se não, pode virar coisa pior.
- Mas comandante - disse Paulo começando a rir - o senhor não vai querer dizer por aí que foi salvo por uma mijada? Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Paulo Guedes não perdia uma chance de soltar uma risada que, como numa embolada, se transformava em gargalhada.
O comandante achava que a urina, misturada com todo o álcool que o músico havia tomado, servia como proteção.
- Vamos logo rapaz, eu ainda sou o comandante.
- Já que o senhor insiste.
O músico não se fez de rogado. Abriu a braguilha, botou o pênis para fora e mijou na cara do piloto.
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Aqui, será meu espaço exclusivo das experiências em ARTE. "Em Toques" diários, ou quando der na telha, partilharei com cada um de vocês momentos que se eternizam em imagens criadas a partir das palavras que expressam sentidos de olhar, de cheirar, de degustar, de ouvir e de tocar cada minúsculo grão de areia que se torna tudo para o todo da praia, assim como uma gota de água é tudo para o todo do mar.
Tempestade de ideias
Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!
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