- Aqui quem faz as leis sou eu. Que eles acertem o caminho do inferno primeiro que eu. E que levem também todos os seus filhos.
- Não é uma posição muito radical.
- Ninguém sabe o porquê desse meu ódio. A minha raiva vai durar até a morte e se prolongará por toda a eternidade.
Aquilo não era só preconceito. Era ódio mortal. Agradeci a “entrevista” e fui embora espalhar a novidade, através do meu “jornal oral”. Espalhava a notícia e, ao mesmo tempo, ficava pensativo, tentando entender a razão para tanto ódio. O povo tinha sido até gentil nos comentários sobre o Dr. Branco. Ele era um animal feroz. Um cão. Um nazista.
Certo dia, soube que o advogado estava prostrado em uma cama do Hospital João Câncio Fernandes. Decidi fazer nova entrevista para saber se o homem tinha mudado de opinião, pois os médicos já haviam carimbado o passaporte dele para o além. Sem usar qualquer artimanha, dada a falta de fiscalização nos hospitais das cidades interioranas, fui direto ao quarto. Aproximei-me do leito daquele homem desenganado.
- Olá Dr. Tudo bem?
- Qual nada moço. Desta vez eu vou. Enfim, vou poder conversar com o meu Deus.
- Não era hora de o senhor mudar de opinião sobre os negros?
- Não me fales tal palavra. Estou à morte e quero morrer feliz.
- O senhor não tem medo de receber um castigo divino?
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