Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O grande vigia (Final)

- Ucê fala issu pruquê num tava lá. Duvidu qui umenus tu olhassi pru bichu?
- Deixa de conversa e conta logo.
- A curiosidadi foi maió quiu medu. Ajuntei minhas úrtimas força e taquei o focu da lanterna bem nu lucal ondi o fogo batia n’água. Num maginã o qui vi.
- Diz logo. Deixa de suspense.
- Era uma cutia. Ela curria pra beira du lagu e se jogava n’água toda vez qui num auentava mai ruer o uriço de castanha. Quandu os denti instavaum im brasa, ela corria pru lagu, esfriava os denti e vortava para ruer mai. Toda vez qui ela batia cuns denti n’água, a nuve de fumaça subia e u barruiu de ferru quenti batenu n’água fria ecuava pela floresta.
- Isso é verdade Jandiro?!
- Foi o maió medu que passei im toda minha vida - respondeu ele com um ar de seriedade que não convencia a ninguém.

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