- Calma amiguinho....
- Não me chame de amiguinho. Você é um ferro velho malvado.
- Não sou ferro velho não. E se você tivesse ouvido sua mãe, não teria se queimado.
- Você é um malvado. Não quero mais conversa com você.
- Tenha calma menino. Ouça-me!
- Tá bom, mas não me chame de amiguinho que meu dedo ainda está doendo.
- Ora, quando alguém vai pegar em mim, não posso correr. Só queimo uma pessoa por acidente.
- Como acidente?! Eu quis apenas me apresentar, pegar na sua mão, como todo mundo faz quando não conhece o outro.
- Mas eu não tenho mão. Minha mão é meu cabo. Se alguém pegar na minha pranchinha de surf, vai se queimar.
- Pranchinha de surf?!
- É. Eu chamo meu fundo de pranchinha de surf. Com ela, deslizo pelas ondas das roupas e ajuda sua mãe a esticá-las. Sem mim todos vocês andariam com as roupas amassadas.
- Eu andaria amassado mas não teria meu dedinho queimado.
- Deixe de ressentimentos. Você só se queimou porque desobedeceu a sua mãe. Eu não sou brinquedo de crianças.
- Não é?! E como você canta tão bonito. Você pensa que eu não ouço!?
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Aqui, será meu espaço exclusivo das experiências em ARTE. "Em Toques" diários, ou quando der na telha, partilharei com cada um de vocês momentos que se eternizam em imagens criadas a partir das palavras que expressam sentidos de olhar, de cheirar, de degustar, de ouvir e de tocar cada minúsculo grão de areia que se torna tudo para o todo da praia, assim como uma gota de água é tudo para o todo do mar.
Tempestade de ideias
Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!
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