Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Calores


São intensas as dosagens de fogo
Que queimam meu corpo longe de ti
Erupções em labaredas se acendem
Quando te aproximas de mim.
Paixão, amor, desejo, tesão?
Que calor é esse que me acomete?
Só sei que a tua presença
Até a minha alma aquece.
Deixo que o sangue funcione
Como se fosse um termômetro
A marcar em todos os graus
O nível da nossa temperatura.
Que as narinas emitam fogo
Como se fossem um vivo dragão
Que brasas cintilem em nossos corpos
A partir do toque na mão.
Para que odores e calores
Transforme-nos em vulcão.

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