Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Riqueza


Só compro galinha morta
Porque se estiver viva ela me bica
Adoro fuçar uma promoção
Por isso hoje estou rica.
Tem gente que vai pra Haddock Lobo
Gastar toda a grana na Daslu
Vou é pra 25 de março
Largo São Bento e Ladeira Porto Geral
Volto com as sacolas lotadas
Veja se há nisso algum mal!
Meus eletrônicos são de Santa Ifigênia
Ou dos shoppings chineses da Rua Augusta
Todos se espantam com tanto luxo
Pensam que é tudo de alto valor
Mas Lux é meu sabonete
E minha bolsa não é Victor Hugo.
Da Arezzo não compro, porque não sou lesa
Não tenho uma blusinha de jacaré
Perrier não é minha água mineral
E de 25 centavos é meu jornal.

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