Dias e dias não sei dormir
O que faço para acordar?
Se nesse sonho profundo em
vida
Nem leve sono consigo
tirar!
Passos na calçada, miados,
latidos
Felinos desfilam por sobre
telhados
Cães na esquina teimam em
ladrar
Enquanto vigias silvam
seus apitos
Como se o último trem
estivesse a passar.
De meia-noite às duas da
madrugada
Feito um zumbi desço para
a calçada
Bêbados, mendigos,
filhos-de-papai
Perderam da vida o brilho
no olhar
Como robôs cheiram cola ou
cocaína
Para chamar a atenção de
uma mina
Mas se afundam no crack
sem bola jogar.
Não recebem bola, mas
fazem jogadas
Seduzem menores, exploram
o sexo
Querem por minutos a
ilusão de ser donos
Nem que para isso precisem
comprar.
Levam o corpo, não
conseguem a mente
Retiram o brilho de cada
olhar
Dejetos humanos, leva de
doentes
Nem toda infância vocês
vão roubar.
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Primoroso.Ressalve-se a estrofe "nem levo sono consigo tirar( leia-se) leve sono, ou não? Na minha ótica obtusa,talvez tenha eu errado.Tenho certeza absoluta que foi lapso de digitação, também entendo que é difícil a autocorreção, pois não fácil tecer um poema excelente desse. Não sou purista da Lingua Portuguesa,mas, hás de convir que num texto o menor deslize, acaba mudando tudo.A sorte é quem te ler não são os apedeutas ignaros, talvez me inclua dentre esses. Teço este comentário, no entanto,apenas para preservar a tua imagem de douto da lingua...
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